A esperança é um dom
“A esperança é um dom”, escreveu o monge trapista Thomas Merton (1915-1968) (foto). “Assim como a vida, a esperança é um dom de Deus, um dom total, inesperado, incompreensível e imerecido. Brota do nada, inteiramente livre. Mas para encontrá-lo, temos de descer do nada”. O nada é o despojamento de nós mesmos, de nossa força, quando praticamente não mais existimos. Nós deveríamos ter mais uma arma na luta contra o nada: a fé. Ela também é um dom inesperado, incompreensível e imerecido. Nem uma e nem a outra têm contornos, formas, cheiros e sabores, e não transmitem sensação de calor ou de frio. Mas aparecem nos lábios dos crentes, tão logo um ano novo se inicia. Agora é a hora em que todos renovam a esperança e a fé, à espera que elas nos tragam “muito dinheiro no bolso, saúde pra dar e vender.” O balanço desta toada e seu embalo nos levam a abraços e beijos. A rojões coloridos no céu. A copos que tilintam e vertem espumantes, cervejas ou groselha. Essa fumaça, porém, se dissolve tão logo recolhemos sonolentos e, muitas vezes, deprimidos. Porque depressivo? Porque o afã de “muito dinheiro no bolso e saúde pra dar e – sobretudo – vender”, não preenchem o vazio do coração humano. A esperança e a fé cristãs na ressurreição nos aguarda no final da jornada que Deus reservou para cada um de seus filhos. Tenhamos sempre esperança, e fé de que dias melhores virão. Maria Helena Mansur