Os médicos têm um vasto conhecimento sobre os diversos efeitos da quimioterapia e da radioterapia. Entretanto, nos últimos anos pesquisas demonstram os riscos da perda auditiva ou outros problemas relacionados (ex. zumbido) após o tratamento de câncer nos pacientes. Estes estudos revelam uma forte correlação entre a perda auditiva e o tratamento do câncer, devido principalmente aos medicamentos utilizados na quimioterapia.
É importante para o médico e o paciente terem ciência sobre as possíveis consequências do uso de ototóxicos durante o tratamento do câncer, como por exemplo a perda auditiva permanente.
A ototoxicidade ocasiona uma perda auditiva neurossensorial (PANS),devido às drogas e aos componentes químicos que atingem o ouvido interno, onde as células ciliadas da cóclea vibram em resposta às ondas sonoras.
Além da perda auditiva, alterações no equilíbrio e zumbido podem também ocorrer.
Medicações quimioterápicas a base de platina, como a cisplatina e carboplatina, são consideradas as primeiras “culpadas“ pela ototoxicidade. Existem outros medicamentos quimioterápicos que também são considerados ototóxicos, como Bleomicina, Vincristina, Vimbastina, Bromocripitine e Metotrexato (MTX) e mostarda de nitrogênio¹.
Efeitos da ototoxidade nos adultos:
• Efeitos físicos da perda auditiva, incluem problemas de: equilíbrio e maior probabilidade de quedas, especialmente em idosos². A perda auditiva também tem sido correlacionada a determinadas demências e problemas cognitivos.³
• Consequências psicológicas, incluem: depressão, isolamento, ansiedade, raiva e baixa auto-estima4.
Não tratar a perda auditiva em adultos pode levar ao aumento de quedas, depressão e à desordens psicológicas; dificuldades no trabalho e impacto econômico. Em crianças, mesmo em perdas auditivas de grau leve, poderá resultar em atraso na aquisição da linguagem, comprometimento na compreensão de fala, déficits de aprendizagem e dificuldades psicológicas e sociais.
É de extrema importância o envolvimento dos profissionais da audição durante e após o tratamento do câncer para monitorar os efeitos da exposição aos ototóxicos da quimioterapia. E posteriormente oferecer tratamentos e a reabilitação auditiva, que podem incluir os aparelhos auditivos.
Por causa dos efeitos a longo prazo da perda auditiva em adultos em recuperação e os efeitos debilitantes associados às condições físicas, os oncologistas fazem o possível para reduzir a grande exposição de ototóxicos durante o tratamento. Quando é necessário tratamentos mais agressivos, e provalvelmente o paciente terá uma perda auditiva, é importante considerar outras opções de tratamentos auditivos, como o uso de aparelhos auditivos, que auxiliam em 95% dos pacientes com perda auditiva. Como atualmente os tratamentos do câncer têm maior sucesso e os pacientes com câncer vivem mais, o tratamento para perda auditiva provavelmente dará maior qualidade vida aos pacientes pós-tratamento do câncer.
Resumo - A perda auditiva pode ser um aspecto negativo após o uso de determinados medicamentos da quimioterapia e radioteapia. Durante o tratamento de câncer, um audiologista pode monitorar os efeitos da ototoxicidade e recomendar uma intervenção precoce. Com os avanços na medicina, mais opções de tratamentos se tornaram disponíveis e as taxas de sobrevivência continuam a subir, assim faz-se necessário profissionais da saúde para considerar a melhor qualidade de vida pós- tratamento. Quando o tratamento é finalizado, o profissional da audição poderá avaliar os efeitos da ototoxicidade e se necessário oferecer orientações e tratamentos que podem incluir os aparelhos auditivos e a reabilitação.